Neuropsicopedagoga Clínica e Institucional em Educação Especial Inclusiva. – Elen Borghezan – SBNPp 3814 – Q10 Saúde Clinica Integrada – Fone: 35973420

A aprendizagem começa aqui, com os amigos da minha rua….
Quando eu era pequena, as lembranças que eu tenho da minha infância são tão doces quanto o sabor do chocolate.
Eu tinha amigos de rua, os amigos da minha rua!
Todos se conheciam desde sempre e não haviam “esquemas” entre nós! Éramos amigos.
Quando eu abria os meus olhos pela manhã e percebia os raios de sol entrando pelas paredes de madeira da minha casa eu já sabia: hoje o dia vai ser inesquecível!
E as coisas que passavam pela minha cabeça eram:
pular corda, amarelinha, jogar taco, futebol, esconde-esconde, pega-pega, subir na árvore e começar tudo outra vez….
O relógio não fazia parte rotina, afinal de contas para que um relógio se temos uma mãe eufórica e irritadiça pela quantidade de vezes que já chamou pelo meu nome?
Ela prometia ser a última vez que chamava, mas sabíamos que não era exatamente a última vez.
Antes mesmo de toda essa situação acontecer e precisarmos ficar em casa indefinido, já não tinha mais os amigos da rua.
Talvez houvesse os conhecidos do condomínio, da quadra, da vizinhança, mas aqueles amigos que sentavam no asfalto quente, no cordão da rua, que davam apelidos e que mesmo o amigo não gostando (ele tentava fingir) por dentro ele ria e ríamos juntos, até três horas depois do assunto!
Ah, minha infância…se você está lendo este artigo e algo lhe pareceu familiar, sinto te informar que você é da geração antiga e que por mais que não tivéssemos WhatsApp a gente se divertia muito e aproveitava a rua e os amigos que fizeram parte da nossa construção de personalidade e de vivências que estão guardadas na nossa memória.
O que eu me pergunto é quem e quando se perdeu os amigos da rua?
Quando a nossa geração que correu, se divertiu, aprendeu e muito, trancamos nossos filhos em pátios com brinquedos e pracinhas altamente seguras onde somente é permitido entrar quem conheço?
Porque perdemos a nossa essência de acreditar que as amizades da rua são importantes e fazem parte da nossa caminhada e do nosso aprendizado acadêmico?
Quando acabar tudo isso e podermos abraçar novamente, tocar, conversar mais de perto, a gente possa lembrar daquela velha infância, daquela pureza de confiança, do rir frouxo e não se preocupar tanto que o fulano ou o ciclano é filho deste ou daquele e que nossos filhos precisam viver aquela alegria que tínhamos para que lá na frente ele possa estar escrevendo as mesmas memorias que hoje escrevo aqui.